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ERA UMA VEZ O CINEMA


Inverno de Sangue em Veneza (1973)

cover Inverno de Sangue em Veneza

link to Inverno de Sangue em Veneza on IMDb

País: Inglaterra, 110 minutos

Titulo Original: Don't Look Now

Diretor(s): Nicolas Roeg

Gênero(s): Drama, Terror, Suspense

Legendas: Português,Inglês, Espanhol

Tipo de Mídia: Cópia Digital

Tela: 16:9 Widescreen

Resolução: 1280 x 720, 1920 x 1080

Avaliação (IMDb):
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7.3/10 (44902 votos)

DOWNLOAD DO FILME E LEGENDA

INDICAÇÕES star star star star star

Academia Britânica de Cinema e Televisão, Inglaterra

Prêmio de Melhor Atriz - Julie Christie

Academia Britânica de Cinema e Televisão, Inglaterra

Prêmio de Melhor Filme - Nicolas Roeg

Academia Britânica de Cinema e Televisão, Inglaterra

Prêmio de Melhor Ator - Donald Sutherland

Academia Britânica de Cinema e Televisão, Inglaterra

Prêmio de Melhor Direção - Nicolas Roeg

Academia Britânica de Cinema e Televisão, Inglaterra

Prêmio de Melhor Som - Rodney Holland, Bob Jones, Peter Davies

Academia Britânica de Cinema e Televisão, Inglaterra

Prêmio de Melhor Montagem - Graeme Clifford

Edgar Allan Poe Awards

Prêmio de Melhor Roteiro - Allan Scott, Chris Bryant

Sinopse: As sequências iniciais do filme são uma aula de construção de suspense e atmosfera no cinema, graças a excelente montagem, um de seus pontos altos, ao lado da bela trilha-sonora do italiano Pino Donaggio, um iniciante até então que posteriormente faria uma parceria clássica com o diretor norte-americano Brian De Palma em obras-primas do calibre de Carrie, A Estranha, e Dublê de Corpo.

Nas tais sequências de abertura vemos a plácida paisagem campestre da Inglaterra, uma menina de casaco vermelho com capuz a brincar perto de um lago enquanto seu pai, interpretado por Donald Sutherland, sutilmente e aos poucos passa a perceber que algo de ruim poderá acontecer, embora seja cético demais para crer em premonições e coisas desse tipo. Numa brilhante composição de montagem vemos a menina cair no lago enquanto se forma um círculo vermelho em uma das fotos analisadas pelo pai da menina, até este regatá-la morta do fundo do lago em um momento de desespero e horror profundos.

Temos em seguida um corte seco que nos transporta até a cidade de Veneza, com seus tons escuros e lúgubres acentuados pelo inverno. Descobrimos então quem são os pais da menina que se afogou no lago: o casal John e Laura Baxter. Laura e interpretada pela popular atriz Julie Christie. John, personagem de Sutherland, é um mestre restaurador de pinturas sacras e está na cidade para restaurar as pinturas de uma antiga igreja. O interessante no filme é a sua construção lenta de uma expectativa em algo terrível que poderá acontecer – o suspense é trabalhado de maneira muito particular, sem clichês óbvios. A sequência do acidente na igreja é espetacular.

O elemento sobrenatural é instaurado na trama com a presença de duas irmãs, uma delas é médium e cega, ambas senhoras de idade. A cena em que a médium cega conhece Laura e afirma estar vendo o espírito da menina morta, desencadeia uma série de acontecimentos inusitados que conduzem as personagens por caminhos sombrios pelos labirintos da antiga e misteriosa cidade de Veneza, que, no inverno, ganha contornos de forte acento gótico.

O filme tem grandes sequências noturnas. A presença em cena de um ator com o rosto tão expressivo como o de Donald Sutherland traz para o filme uma força maior, praticamente ele aparece em todas as cenas e a marca invisível da culpa e da não-aceitação pela morte da filha, ficam muito evidentes em seus olhos. Sutherland funciona muito bem em filmes de Horror, como no excelente, na minha opinião, Invasores de Corpos, a segunda versão.

A figura espectral da menina com o casaco de capuz vermelho virou um dos ícones do Cinema de Horror dos anos 70, e é explicitamente citada no filme Viagem Maldita de Alexandre Aja. Toda a preparação para a apoteótica sequência, onde John irá enfrentar seus demônios durante uma noite derradeira, é muito bem construída pelo roteiro e arquitetonicamente armada pela montagem excelente do filme, que cria uma “Arquitetura do Medo”, uma fusão entre cenários e tensões cromáticas que fariam escola em seguida nos filmes de diretores como Dario Argento.

A polêmica sequência de sexo entre as personagens de Sutherland e Cristie causou problemas com a censura da época, inclusive no Brasil que vivia o auge da Ditadura Militar. Boatos na época afirmavam que ambos realmente haviam transado no set de filmagem, mas nada foi oficialmente confirmado. O interessante dessa sequência é que ela tem um efeito reverso, mostrando o “Durante” primeiro e o “Antes” depois… é meio complicado de explicar, só vendo mesmo.

A imagem da médium cega gritando na janela durante a noite, o espectro grotesco revelado, a premonição da morte, o funeral no barco pelos canais de Veneza…são muitos os momentos que fazem desse filme um grande clássico que merece ser revisto. Um momento raro e inspirado da História do Cinema Fantástico em um filme sem cadáveres empilhados a esmo e nem sangue em profusão – não que eu não curta, longe disso, adoro um bom gore desenfreado -, com Inverno de Sangue em Veneza conseguindo ser surpreendente sem excessos e sem pirotecnia.

 

Elenco: